sexta-feira, 13 de junho de 2008

Cheers!

Nenhuma elocubração.
Só uma música.
E tudo já estará dito.

Cheers! :)


SAÚDE
(Rita Lee / Roberto de Carvalho)

Me cansei de lero-lero

Dá licença mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor
Mas ninguém sai de cima
Nesse chove-não-molha
Eu sei que agora
Eu vou é cuidar mais de mim!

Como vai, tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar
Não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva
Cheia de graça
Talvez ainda faça
Um monte de gente feliz!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Direto do túnel do tempo...

Outro dia estava fuçando na Internet e achei um blog que mantinha com uns amigos há muito tempo atrás. Chamava BLOGAÇA (hahahaha). Era uma fase meio maluca, em que eu tinha uma vidinha, digamos, mais agitada do que hj. rss.
Esse texto conta uma passagem que rolou em uma viagem que fiz pra Itacaré, em 2005. E relendo o que eu escrevi achei beeem engraçado. Como a idéia desse blog aqui é colocar textos bacanas de outras pessoas e algumas coisinhas minhas tb, resolvi postar de novo. Gosto dele e enfim... tá aí. :)

JERIBUCA O QUÊ?

Confesso: sou do tipo que adora turismo ecológico. Quer dizer, adora também é demais, pq aí seria exagero e uma grande mentira. E como diz minha boa mãe, “Mentir é feio, menina!”. De qualquer forma, simpatizo com a natureza e gosto até de umas trilhazinhas (apesar de ser fumante confessa e convicta e sempre ficar arfante do meio da trilha para o fim).
Mas, na minha lista de lugares já visitados, consta uma bem-sucedida ida para Bonito (onde não fiz feio, se me permitem o trocadilho infame) e uma breve passagem por Cajaíba, com uma boa turma de amigos, onde fiz trilhas e tomei banhos gelados todos os dias. Mas confesso que este ano havia decidido não me aventurar por lugares ermos e encarar umas férias mais confortáveis, pagas, como todo bom proletário, em suaves prestações.
Isso posto e decidido, resolvi que o destino de 2005 seria Itacaré, na Bahia. Não sei por que tive a impressão de que teria férias sossegadas e nada aventureiras. Talvez porque não tenha lido NADA sobre a cidade, que figura em 10 de 10 listas de destinos ecológicos recomendados. Descobri isso ao chegar à localidade, muito linda por sinal. Logo de cara, fui informada dos perrengues, mas como sou uma pessoinha sussas e já estava lá mesmo, resolvi que tudo que viesse era lucro e me lancei de bom grado nos passeios oferecidos. Tudo ia bem, até o dia em que topei o passeio a uma tal praia de Jeribucaçu (nome que, graças à minha leseira, não conseguia repetir de jeito nenhum). No roteiro, uma caminhada de 35 minutos por uma trilha íngreme. A promessa era uma praia paradisíaca, onde ficaríamos durante algumas horas vendo as ondas verdes do mar baiano e curtindo a natureza. Depois de três horas de praia, seguiríamos por uma trilha de mais 1 hora e meia para uma cachoeira magnífica. A volta seria feita no final do dia, por uma pequena trilha onde andaríamos menos de meia hora rumo à van que nos levaria de volta ao hotel. Vendo assim, nada muito assustador. Por isso, eu, intrépida e feliz resolvi abraçar o passeio acreditando que teria um dia inteiro de puro deleite.
Mal sabia eu que a caminhada de dia inteiro que eu havia feito no dia anterior deixaria lembranças em meu corpinho sedentário. Resultado: fui para Jeribucaçu literalmente QUEBRADA. Isso, originalmente, já seria um ponto contra meu constante bom-humor. Depois de andar meia hora embaixo de um sol de rachar o coco, chegamos à praia, que é realmente maravilhosa. Só que caminhadas costumam dar fome. E na praia há apenas umas barraquinhas improvisadas, onde é possível comprar tapioca ou cocada, além de breja quente e água. Optei pela água, pq cerveja quente ninguém merece.
Depois de três horas dizendo “Não, obrigada.” para criancinhas que queriam me empurrar uma cocada que mais parecia pé-de-moleque (que eu tive que comprar, já que a pequena vendedora começou a chorar na minha frente) comecei, faminta, a fazer a tal trilha de uma hora e meia. Primeira parada: MANGUEZAL. Não seria um grande problema, se eu não tivesse que andar meia hora na lama DESCALÇA, já que estava portando meu par de havaianas cor-de-rosa, levado ao local por pura desinformação. Depois de aguentar a cara de tiração de sarro do guia, que olhava para meus chinelinhos e previa que eles ficariam enterrados na lama ao primeiro passo, tomei coragem e encarei a parada descalça mesmo.
No fundo do rio, pedras e tocos de árvore, que deixaram meus pés em frangalhos. Depois de dar topadas incessantes por meia hora, saí do rio com as unhas dos pés cheias de lama e a promessa do guia que de ali por diante tudo iria melhorar. Começava então uma trilha de uma hora, cheia de insetos e com subidas e descidas intermináveis. Minha canga estava em petição de miséria, meus pés estavam nojentos e machucados e ainda tinha que ouvir a todo momento um “Você entrou no mangue descalça? Porquê? Que vacilo, hein?”. E meu bom-humor constante, já não tão constante assim, indo embora a cada resposta bem-educada que era obrigada a dar. Depois de quase enfartar durante uma subida na trilha (devido ao já citado hábito do fumo), chegamos, enfim, à tão sonhada cachoeira.
Neste momento, lembrei que tinha um estômago. E que ele estava vazio desde às sete horas da manhã. (Ah, antes que eu me esqueça, já eram 3 da tarde). A cachoeira era realmente maravilhosa, então, resgatei minha última cota de bom humor e decidi: “Vou aproveitar”. Mergulhei na água e esqueci da vida. Por 20 minutos, já que meu guia começou a reunir o grupo 25 minutos depois de chegarmos lá. Eu havia andado o dia todo pra chegar a uma cachoeira maravilhosa e quando isso acontece, tinha apenas 20 MINUTOS para aproveitar. E ainda pra completar, tinha aquele guia com uma cara feliz, em que era possível ler “Hahahahaha. Otária!!!!”.
Respirei fundo, me enrolei na canga molhada e suja, momento em que lembrei dos pés machucados e da barriga vazia, e recomecei a caminhar. Neste momento, mais uma desilusão. A trilha de volta também era uma subida íngreme, também feita embaixo do sol, na qual eu também quase enfartei. Chegando à maldita van, tive que aguentar de novo a cara feliz do guia, que, de forma muda, zombava da minha desgraça. Relevei mais esse percalço e entrei corajosa no veículo. Meu estômago vazio roncava, meus pés doíam e a dobradinha canga molhada + ar-condicionado me fazia sentir um frio do cão (e eu estava na Bahia...). Mas, mais uma vez pensei: “Deixa de ser mala. Já está terminando”. Suspirei, fechei os olhos e tentei abstrair. Foi quando senti cheiro de Cheetos. Alguém havia aberto um pacote de salgadinho de queijo dentro da van!!!!! Em mim, um misto de revolta e alegria histérica, já que muita fome costuma nos deixar irracionais. Foi quando notei que, ao meu lado, uma garota degustava feliz a iguaria, que, aliás, ela não ofereceu para ninguém. Foi mais meia hora de tormento.
Nunca cheguei tão feliz a um hotel. No saguão, o garoto da companhia de viagens, também sorridente, me esperava para propor o passeio do dia seguinte. “Trata-se de uma CAMINHADA DE UMA HORA PARA UMA PRAIA DESERTA E PARADISÍACA. A trilha é íngreme, mas depois de hoje, será moleza”. No rosto dele, um sorriso largo, onde eu li, mais uma vez: “Hahahahaha. Otária!!!!”. Foi a última gota. Com lágrimas nos olhos, saí correndo (ou quase isso) para o meu quarto.
Mas me aguardem. Para o ano que vem eu já decidi: nada de lugares paradisíacos. Mereço um descanso em alguma selva-de pedra pelo mundo afora. Bom, mas isso é outra história, que vou pensar assim que acabar de pagar a minha maratona de férias parcelada....

Por Val Borges in Tuesday, March 29, 2005

About Caio Fernando Abreu...

Já ouvi falar muito do Caio Fernando Abreu, mas nunca li nenhum livro dele.
Isso é uma vergonha, eu sei. Até pq, eu sempre tive vontade de ler. Mas ainda não li. Talvez por causa da minha mania de deixar alguns desejos pra depois. Talvez apenas por falta de oportunidade. Há uns dois meses recebi um lindo texto dele, que falava de começos. Era um momento em que se tentava começar algo. O que, efetivamente não aconteceu... Mas o texto é lindo, e a intenção no momento foi muito boa e, creio eu, sincera. Então, pra mim, o que restou foi o gosto bom na boca. E o lindo texto do Caio Fernando que posto aqui.
Porque, no final das contas, são essas pequenas coisinhas fofas que ficam mesmo, né?

Dois ou três almoços, uns silêncios. (CAIO FERNANDO ABREU)
Fragmentos disso que chamamos de "minha vida"

Há alguns dias, Deus – ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus –, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer – eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal – não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de "minha vida". Outros fragmentos, daquela "outra vida". De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.

Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível". Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.

De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou – descuidado, também – em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.

Era isso – aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

MULHER NEGRA (Léopold Sédar Senghor)

MULHER NEGRA (Léopold Sédar Senghor)

Mulher nua, mulher negra
Vestida de tua cor que é vida, de tua forma que é beleza!
Cresci à tua sombra; a doçura de tuas mãos acariciou os meus olhos.
E eis que, no auge do verão, em pleno Sul, eu te descubro,
Terra prometida, do cimo de alto desfiladeiro calcinado,
E tua beleza me atinge em pleno coração, como o golpe certeiro de uma águia.
Fêmea nua, fêmea escura.
Fruto sazonado de carne vigorosa, êxtase escuro de vinho negro, boca que faz lírica a minha boca
savana de horizontes puros,
savana que freme com as carícias ardentes do vento Leste.
Tam-tam escultural, tenso tambor que murmura sob os dedos do vencedor
Tua voz grave de contralto é o canto espiritual da Amada.
Fêmea nua, fêmea negra,
Lençol de óleo que nenhum sopro enruga, óleo calmo nos flancos do atleta, nos flancos dos príncipes do Mali.
Gazela de adornos celestes, as pérolas são estrelas sobre a noite da tua pele.
Delícia do espírito, as cintilações de ouro sobre tua pele que ondula
à sombra de tua cabeleira.
Dissipa-se minha angústia, ante o sol dos teus olhos.
Mulher nua, fêmea negra,
Eu te canto a beleza passageira para fixá-la eternamente,
antes que o zelo do destino te reduza a cinzas para alimentar as raízes da vida.


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O belíssimo texto acima é do intelectual africano Léopold Sédar Senghor. Ouvi falar de Senghor e desse texto durante uma oficina in-crí-vel sobre africanidades que fiz na PUC no ano passado. Chamava "Arca de Ébano" e era ministrada por um professor que eu adorei (e que, infelizmente, não faz parte dos quadros fixos da PUC. ah... a Academia...). Enfim, esse texto me tocou muito, porque foi a primeira vez que, como mulher negra, me vi retratada com tanta com tanta beleza e delicadeza em uma poesia.

Abaixo, segue uma breve biografia do autor, encontrada no site Net Saber. Vale a pena conhecer Senghor...


Leopold Sédar Senghor

Professor de instituto e de escola superior, poeta e filósofo, representou seu país na Assembléia Nacional Francesa entre 1946 e 1958. Foi um dos combatentes mais empenhados na independência de seu país, então uma colônia francesa, ainda que tenha advogado a manutenção dos vínculos econômicos e culturais. Entre 1959 e 1960, presidiu breve Federação do Mali (formada pelo Senegal e pelo atual Mali). Após a dissolução desta, tornou-se presidente do Senegal independente. Com o apoio do Partido Socialista Democrático, tentou, durante seu mandato como primeiro-ministro (1962 e 1970), melhorar as condições de vida da população, recorrendo à aplicação de um programa socialista moderado. Em 1980, renunciou tanto a seus cargos no partido como à liderança do país e aceitou a presidência da Internacional Socialista na África. A partir desse momento, consagrou-se mais intensamente à criação literária. Poesia e política surgem em sua obra como elementos da chamada "negritude", movimento do qual é o representante mais significativo, juntamente com Aimé Césaire, e que prega que a redescoberta pelos africanos de sua cultura constitui o caminho para o reconhecimento da própria identidade ("regresso às origens"). Aos 23 anos, Senghor foi o primeiro professor africano numa universidade francesa, tendo sido igualmente o primeiro intelectual negro a ingressar na Académie Française, em 1984.

O ETERNO RETORNO....

Passei um tempão sem passar por aqui... Sei lá porque...
Acho que foram muitas as razões... Talvez, a mais forte delas seja a preguiça mesmo. Tenho problemas com regularidade. Sempre tive. E manter um bom blog é questão de regularidade. Tem que alimentar sempre, manter bonitinho sempre, dar carinho sempre. Não fiz isso, né?
Mas gosto daqui, gosto desse espaço. E resolvi não desistir dele. Por isso.... Eis que surje o primeiro post de 2008 (NO MEIO DO ANO. hahahaha. peeeeada).
Well, tentemos voltar a alimentar a alma. Pelo menos a minha. rss.
Bora ver no que dá. Será que agora eu consigo? rsrsrsrs
Welcome back. :)


* e pra recomeçar de verdade.... o blog volta de carinha nova....