Meu amigo Celso é um dos grandes colaboradores desse blog. Com os e-mails semanais que ele manda com belos textos escolhidos entra com matéria-prima pra embelezar essa página. O desta semana é um da Clarice, sempre ela.
Segue abaixo...
Be enjoy!
Como tratar o que se tem
Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse casa sua, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem - pois nunca morou em ninguém nem jamais lhe puseram rédeas nem sela - apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo: come às vezes na minha mão. Seu focinho é úmido e fresco. Eu beijo o seu focinho. Quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa que não tenha medo do que é ao mesmo tempo selvagem e suave. Aviso que ele não tem nome: basta chamá-lo e se acerta com seu nome. Ou não se acerta, mas uma vez chamado com doçura e autoridade ele vai. Se ele fareja e sente que um corpo é livre, ele trota sem ruídos e vai. Aviso também que não se deve temer o seu relinchar: a gente se engana e pensa que é a gente mesmo que está relinchando de prazer ou de cólera.
Clarice Lispector
a alma está faminta, ávida por um afago. assim como a minha, há muitas outras por aí, cheias de fome e inquietações. o papel torna-se destino para essas inquietações, que depois de se debaterem dentro do peito têm que sair. mas também podem ir parar numa foto, num vídeo, num site ou numa música. depois que elas saem, enchem o mundo de beleza. a missão desse espaço é abrigar pitadas dessa beleza, que são, no fim de tudo, o tal do alimento da alma....
sexta-feira, 30 de março de 2007
segunda-feira, 19 de março de 2007
Verdade inventada? É é isso mesmo...
Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.
Clarice Lispector
Clarice Lispector
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